Depoimento de Chico Xavier: "(...) Deus nos permita a
satisfação de continuar sempre trabalhando na
Grande Causa d'Ele, Nosso Senhor e Mestre. Desde criança,
a figura do Cristo me impressiona. Ao perder minha mãe,
aos cinco janeiros de idade, conforme os próprios ensinamentos
dela, acreditei n'Ele, na certeza de que Ele me sustentaria.
Conduzido a uma casa estranha, na qual conheceria muitas dificuldades
para continuar vivendo, lembrava-me d'Ele, na convicção
de que Ele era um amigo poderoso e compassivo que me enviaria
recursos de resistência e ao ver minha mãe desencarnada
pela primeira vez, com o cérebro infantil sem qualquer
conhecimento dos conflitos religiosos que dividem a Humanidade,
pedi a ela me abençoasse segundo o nosso hábito
em família e lembro-me perfeitamente de que perguntei
a ela: - Mamãe, foi Jesus que mandou a senhora nos
buscar? Ela sorriu e respondeu: - Foi sim, mas Jesus deseja
que vocês, os meus filhos espalhados, ainda fiquem me
esperando... Aceitei o que ela dizia, embora chorasse, porque
a referência a Jesus me tranqüilizava. Quando meu
pai se casou pela segunda vez e a minha segunda mãe
mandou me buscar para junto dela, notando-lhe a bondade natural,
indaguei: - Foi Jesus quem enviou a senhora para nos reunir?
Ela me disse: - Chico, isso não sei... Mas minha fé
era tamanha que respondi: - Foi Ele sim... Minha mãe,
quando me aparece, sempre me fala que Ele mandaria alguém
nos buscar para a nossa casa. E Jesus sempre esteve e está
em minhas lembranças como um Protetor Poderoso e Bom,
não desaparecido, não longe, mas sempre perto,
não indiferente aos nossos obstáculos humanos,
e sim cada vez mais atuante e mais vivo".
Neste ínterim, não se pode negar o sentimento
de veneração que envolve a nobre figura de Ismael,
guia espiritual do Brasil enviado por Jesus. A responsabilidade
que detém, na condição de mentor da Federação
Espírita Brasileira suscita, da parte da comunidade
espírita nacional, um profundo respeito, aliado a um
imenso carinho e uma suave ternura. Certa vez, indagaram a
Chico Xavier: - Como se processam os encontros, nas esferas
resplandecentes da Espiritualidade, de Emmanuel com Ismael?
Qual a postura do admirável Espírito do ex-senador
romano, diante da também luminosa entidade a quem confiou
Jesus os destinos do Brasil? Resposta do médium, curta,
serena e firme: De joelhos!
Chico Xavier cursou somente o primário e, posteriormente,
foi caixeiro de armazém e modesto funcionário
público, aposentado em 1958. A partir de 1959 passou
a residir em Uberaba (Minas Gerais)."A bibliografia mediúnica,
que foi acrescida à literatura espírita, nestes
últimos cinqüenta anos, nascida do lápis
de Chico Xavier - e o espaço não nos permite,
sequer, considerações ligeiras sobre suas páginas
-, é vultosa, considerável. É qualitativamente
admirável. Poderíamos, sem dificuldade, num
exame sereno e com absoluta isenção, dividir
a obra mediúnica, orientada por Emmanuel, igualmente
em fases perfeitamente delineadas, dentro de duas grandes
divisões: a primeira, provando a sobrevivência
e a imortalidade do espírito - 'Brasil, Coração
do Mundo, Pátria do Evangelho' - seguida de uma panorâmica
da História universal - 'A Caminho da Luz' e de alguns
manuais do maior valor: 'Emmanuel, Dissertações
Mediúnicas', 'O Consolador', 'Roteiro', etc. Enfim,
muitos estudos interessantes e instrutivos virão, a
seu tempo. E a obra de Francisco Cândido Xavier, criteriosamente
traduzida, estará, tempestivamente, à disposição
dos leitores do mundo inteiro, juntamente com a de Allan Kardec
e da dos autores que cuidaram dos escritos subsidiários
e complementares da Codificação. Mas, enquanto
isso, e para que tudo ocorra com a tranqüilidade que
se almeja na difusão conscienciosa e responsável
da Doutrina dos Espíritos, seria de bom alvitre não
perder de vista o fato de que Chico Xavier jamais teria obtido
êxito, como instrumento do Alto, se não tivesse
seguido a rígida disciplina que lhe foi sugerida por
Emmanuel, testemunhando e permanecendo na exemplificação
do amor ao próximo e do amor a Deus, vivendo o Evangelho".
Francisco Thiesen, então Presidente da Federação
Espírita Brasileira
"...Não me considero à altura para escrever
algo sobre o Chico. Dele, dão testemunho (e que testemunho!)
as belas obras que semeou e semeia por esse Brasil afora,
com reflexos benéficos em diversas nações
do mundo. E quando digo 'obras', refiro-me não só
à palavra escrita e falada, como também aos
seus exemplos de caridade, de perdão, de fé,
de humildade, aos seus diálogos fraternos e frutíferos,
enfim, à sua multiforme vivência evangélica
junto a pobres e ricos, num trabalho diário de edificação
e levantamento de espíritos."
"Conheço o Chico há bastante tempo. Nos
seus livros mediúnicos encontrei forças, luz
e paz, e através de suas cartas pude sentí-lo
e amá-lo bem no fundo do seu ser. Por várias
vezes chorei com suas preocupações e sua dor,
vivendo-lhe as graves responsabilidades e lamentando a incompreensão
dos homens.
Mas sempre orei pedindo ao Senhor que não lhe tirasse
o pesado fardo dos ombros e, sim, que o ajudasse a carregá-lo.
Graças a Deus, o nosso caro Chico tem vencido todas
as dificuldades e todos os óbices do caminho, numa
maratona hercúlea que realmente o dignifica aos olhos
dos homens e aos olhos do Pai." Quando fez 40 anos de
mediunidade, Chico disse: "Estes quarenta anos de mediunidade
passaram para o meu coração como se fossem um
sonho bom. Foram quarenta anos de muita alegria, em cujos
caminhos, feitos de minutos e de horas, de dias, só
encontrei benefícios, felicidades, esperanças,
otimismo, encorajamento da parte de todos aqueles que o Senhor
me concedeu, dos familiares, irmãos, amigos e companheiros.
Quarenta anos de felicidade que agradeço a Deus em
vossos corações, porque sinto que Deus me concedeu
nos vossos corações, que representam outros
muitos corações que estão ausentes de
nós. Agora, sinto que Deus me concedeu por vosso intermédio
uma vida tocada de alegrias e bênçãos,
como eu não poderia receber em nenhum outro setor de
trabalho na Humanidade. Beijo-vos, assim, as mãos,
os corações.
Quanto ao livro, devo dizer que, certa feita, há muitos
anos, procurando o contato com o Espírito de nosso
benfeitor Emmanuel, ao pé de uma velha represa, na
terra que me deu berço na presente encarnação,
muitas vezes chegava ao sítio, pela manhã, antes
do amanhecer. E quando o dia vinha de novo, fosse com sol,
fosse com chuva, lá estava, não muito longe
de mim, um pequeno charco. Esse charco, pouco a pouco se encheu
de flores, pela misericórdia de Deus, naturalmente.
E muitas almas boas, corações queridos, que
passavam pelo mesmo caminho em que nós orávamos,
colhiam essas flores, e as levavam consigo com transporte
de alegria e encantamento. Enquanto que o charco era sempre
o mesmo charco. Naturalmente, esperando também pela
misericórdia de Deus, para se transformar em terra
proveitosa e mais útil. Creio que nesses momentos,
em que ouço as palavras desses corações
maravilhosos, que usaram o verbo para comentar o aparecimento
desses cem livros, agora cento e dois livros, lembro este
quadro que nunca me saiu da memória, para declararvos
que me sinto na condição do charco que, pela
misericórdia de Deus, um dia recebeu essas flores que
são os livros, e que pertencem muito mais a vós
outros do que a mim. Rogo, assim, a todos os companheiros,
que me ajudem através da oração, para
que a luta natural da vida possa drenar a terra pantanosa
que ainda sou, na intimidade do meu coração,
para que eu possa um dia servir a Deus, de conformidade com
os deveres que a Sua infinita misericórdia me traçou.
E peço, então, permissão, em sinal de
agradecimento, já que não tenho palavras para
exprimir a minha gratidão. Peço-vos, a todos,
licença para encerrar a minha palavra despretensiosa,
com a oração que Nosso Senhor Jesus Cristo nos
legou".
Na tarefa mediúnica: "Pergunta - Em seu primeiro
encontro com Emmanuel, ele enfatizou muito a disciplina. Teria
falado algo mais? Resposta - Depois de haver salientado a
disciplina como elemento indispensável a uma boa tarefa
mediúnica, ele me disse: 'Temos algo a realizar.' Repliquei
de minha parte qual seria esse algo e o benfeitor esclareceu:
'Trinta livros pra começar!' Considerei, então:
como avaliar esta informação se somos uma família
sem maiores recursos, além do nosso próprio
trabalho diário, e a publicação de um
livro demanda tanto dinheiro!... Já que meu pai lidava
com bilhetes de loteria, eu acrescentei: será que meu
pai vai tirar a sorte grande? Emmanuel respondeu: 'Nada, nada
disso. A maior sorte grande é a do trabalho com a fé
viva na Providência de Deus. Os livros chegarão
através de caminhos inesperados!'
Algum tempo depois, enviando as poesias de 'Parnaso de Além-Túmulo"
para um dos diretores da Federação Espírita
Brasileira, tive a grata surpresa de ver o livro aceito e
publicado, em 1932. A este livro seguiram-se outros e, em
1947, atingimos a marca dos 30 livros.
Ficamos muito contentes e perguntei ao amigo espiritual se
a tarefa estava terminada. Ele, então, considerou,
sorrindo: 'Agora, começaremos uma nova série
de trinta volumes!' Em 1958, indaguei-lhe novamente se o trabalho
finalizara. Os 60 livros estavam publicados e eu me encontrava
quase de mudança para a cidade de Uberaba, onde cheguei
a 5 de janeiro de 1959. O grande benfeitor explicou-me, com
paciência: 'Você perguntou, em Pedro Leopoldo,
se a nossa tarefa estava completa e quero informar a você
que os mentores da Vida Maior, perante os quais devo também
estar disciplinado, me advertiram que nos cabe chegar ao limite
de cem livros.' Fiquei muito admirado e as tarefas prosseguiram.
Quando alcançamos o número de 100 volumes publicados,
voltei a consultá-lo sobre o termo de nossos compromissos.
Ele esclareceu, com bondade: 'Você não deve pensar
em agir e trabalhar com tanta pressa. Agora, estou na obrigação
de dizer a você que os mentores da Vida Superior, que
nos orientam, expediram certa instrução que
determina seja a sua atual reencarnação desapropriada,
em benefício da divulgação dos princípios
espíritas-cristãos, permanecendo a sua existência,
do ponto de vista físico, à disposição
das entidades espirituais que possam colaborar na execução
das mensagens e livros, enquanto o seu corpo se mostre apto
para as nossas atividades.'
Muito desapontado, perguntei: então devo trabalhar
na recepção de mensagens e livros do mundo espiritual
até o fim da minha vida atual? Emmanuel acentuou: 'Sim,
não temos outra alternativa!' Naturalmente, impressionado
com o que ele dizia, voltei a interrogar: e se eu não
quiser, já que a Doutrina Espírita ensina que
somos portadores do livre-arbítrio para decidir sobre
os nossos próprios caminhos? Emmanuel, então,
deu um sorriso de benevolência paternal e me cientificou:
'A instrução a que me refiro é semelhante
a um decreto de desapropriação, quando lançado
por autoridade na Terra. Se você recusar o serviço
a que me reporto, segundo creio, os orientadores dessa obra
de nos dedicarmos ao Cristianismo Redivivo, de certo que eles
terão autoridade bastante para retirar você de
seu atual corpo físico!' Quando eu ouvi sua declaração,
silenciei para pensar na gravidade do assunto, e continuo
trabalhando, sem a menor expectativa de interromper ou dificultar
o que passei a chamar de 'Desígnios de Cima.' "
Em 1997, Chico Xavier completou 70 anos de incessante atividade
mediúnica, da maior significação espiritual,
em prol da Humanidade, abrangendo seus mais diversos segmentos.
Psicografou mais de 400 (quatrocentas) obras mediúnicas,
de centenas de autores espirituais, abarcando os mais diversos
e diferentes assuntos, entre poesias, romances, contos, crônicas,
história geral e do Brasil, ciência, religião,
filosofia, literatura.
Dias e noites foram por ele ofertados aos seus semelhantes,
com sacrifício da própria saúde. Problemas
orgânicos acompanharam-lhe a mocidade e a madureza.
Cabe observar que as doenças oculares a as intervenções
cirúrgicas jamais o impediram de cumprir, fiel e dignamente,
sua missão de amparo aos necessitados. Sua postura
é uma só, obedeceu e obedece a uma só
diretriz: amor ao próximo, desinteresse ante os bens
materiais, preocupação exclusiva e constante
com a felicidade do próximo.
Ricos e pobres, velhos e crianças, homens e mulheres
de todos os níveis sociais têm encontrado, no
homem e no médium Chico Xavier, tudo quanto necessitam
para o reajuste interior, para o crescimento, em função
do conhecimento e da bondade. Francisco Cândido Xavier
é um presente do Alto ao século XX, enriquecendo-lhe
os valores com a sua vida de exemplar cidadão, com
milhares de mensagens psicográficas que, em catadupas
de paz e luz, amor e esclarecimento, vêm fertilizando
o solo planetário, sob a luminar supervisão
do Espírito Emmanuel.
Chico desencarnou em 30 / 06 / 2002. Antes, porém,
deitado, perguntou a um amigo se a seleção brasileira
de futebol havia ganhado a copa do mundo. Tendo uma resposta
afirmativa, Chico disse algo do tipo: "agora que todos
estão alegres com a vitória do Brasil, eu posso
ir em paz porque, neste momento de festa, ninguém vai
ficar triste com a minha desencarnação".
Novamente Chico, mesmo fisicamente enfermo, preocupava-se
com o bem estar do próximo. Logo após teve uma
parada cardíaca e, assim, voltou ao Mundo Espiritual,
no qual foi recebido por Jesus.
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