“A reencarnação é a volta da alma
ou Espírito à vida corpórea, mas em outro
corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum
com o antigo”. (Allan Kardec, O Evangelho Segundo o
Espiritismo, cap. IV). Assim, não é invenção
do Espiritismo, mas sim algo natural, de modo que foi um tema
muito discutido e difundido ao longo da História da
Humanidade por muitos muitos pensadores, tais como Sócrates,
Pitágoras, Platão, Apolônio e Empédocles.
Jesus – o Incomparável, o Mestre,
o único Guia e Modelo -, em várias oportunidades
afirmou a existência da reencarnação
Em João (capítulo III, versículos de
1 a 12), encontramos a elucidativa palestra de Jesus com Nicodemos
(doutor da lei judeu):
Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade vos digo que
ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer
de novo”.
Perguntou-lhe, então, Nicodemos: "Como
pode nascer um homem já velho? Pode tornar a entrar
no ventre de sua mãe, para nascer segunda vez?"
Jesus respondeu: Em verdade, em verdade vos
digo que aquele que não nascer da água e do
Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
O que é nascido da carne é carne, e o que é
nascido do Espírito é espírito. Não
te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é
nascer de novo. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz,
mas não sabes donde vem, nem para onde vai; o mesmo
se dá com todo aquele que é nascido do Espírito”.
“Como pode ser isso?”, disse-lhe
Nicodemos.
Jesus, então, afirmou: “Tu és
mestre de Israel e não sabes?”
Digo-te em verdade, em verdade, que não dizemos senão
o que sabemos e que não damos testemunho, senão
do que temos visto. Entretanto, não aceitas o nosso
testemunho. - Mas, se não me credes, quando vos falo
das coisas da Terra, como me crereis, quando vos fale das
coisas celestiais?"
Também, veremos a referência de Jesus com relação
a João Batista ser reencarnação de Elias,
referência está que está contida em Mateus
(capítulo XVII, versículos 10 a 13).
Os discípulos indagaram ao Mestre: “Por
que, pois, dizem os escribas que é preciso que Elias
venha primeiro?”
E Jesus respondeu-lhes: “É verdade
que Elias deve vir e restabelecer as coisas; mas eu vos declaro
que Elias já veio e não o conheceram, mas fizeram-lhe
tudo o que quiseram. É assim que eles farão
sofrer o Filho do Homem. Então os discípulos
compreenderam que ele lhes falara de João Batista".
“Ora, desde o tempo de João Batista até
o presente, o reino dos céus é tomado pela violência
e são os violentos que o arrebatam; - pois que assim
o profetizaram todos os profetas até João, e
também a lei. - Se quiserdes compreender o que vos
digo, ele mesmo é o EIias que há de vir. - Ouça-o
aquele que tiver ouvidos de ouvir. (MATEUS, cap. XI, versículos
de 12 a 15.)
“Se o princípio da reencarnação,
conforme se acha expresso em S. João, podia, a rigor,
ser interpretado em sentido puramente místico, o mesmo
já não acontece com esta passagem de S. Mateus,
que não permite equívoco: ELE MESMO é
o Elias que há de vir. Não há aí
figura, nem alegoria: é uma afirmação
positiva. -"Desde o tempo de João Batista até
o presente o reino dos céus é tomado pela violência."
Que significam essas palavras, uma vez que João Batista
ainda vivia naquele momento? Jesus as explica, dizendo: "Se
quiserdes compreender o que digo, ele mesmo é o Elias
que há de vir." Ora, sendo João o próprio
Elias, Jesus alude à época em que João
vivia com o nome de Elias. "Até ao presente o
reino dos céus é tomado pela violência":
outra alusão à violência da lei moisaica,
que ordenava o extermínio dos infiéis, para
que os demais ganhassem a Terra Prometida, Paraíso
dos hebreus, ao passo que, segundo a nova lei, o céu
se ganha pela caridade e pela brandura.
E acrescentou: Ouça aquele que tiver
ouvidos de ouvir. Essas palavras, que Jesus tanto repetiu,
claramente dizem que nem todos estavam em condições
de compreender certas verdades”. (Allan Kardec, O Evangelho
Segundo o Espiritismo, capítulo IV).
Jesus, tendo vindo às cercanias de Cezaréia
de Filipe, interrogou assim seus discípulos: "Que
dizem os homens, com relação ao Filho do Homem?
Quem dizem que eu sou?" - Eles lhe responderam: "Dizem
uns que és João Batista; outros, que Elias;
outros, que Jeremias, ou algum dos profetas." - Perguntou-lhes
Jesus: "E vós, quem dizeis que eu sou?" -
Simão Pedro, tomando a palavra, respondeu: "Tu
és o Cristo, o Filho do Deus vivo." - Replicou-lhe
Jesus: "Bem-aventurado és, Simão, filho
de Jonas, porque não foram a carne nem o sangue que
isso te revelaram, mas meu Pai, que está nos céus."
(Mateus, cap. XI, versículos 13 a 17; Marcos, cap.
VIII, versículos 27 a 30)
Ora, se os homens da época refletiam sobre que era
Jesus, obviamente acreditavam na reencarnação.
“Aqueles do vosso povo a quem a morte foi dada viverão
de novo; aqueles que estavam mortos em meio a mim ressuscitarão.
Despertai do vosso sono e entoai louvores a Deus, vós
que habitais no pó; porque o orvalho que cai sobre
vós é um orvalho de luz e porque arruinareis
a Terra e o reino dos gigantes.
(ISAÍAS, cap. XXVI, versículo 19)
“É também muito explícita esta
passagem de lsaías: "Aqueles do vosso povo a quem
a morte foi dada viverão de novo." Se o profeta
houvera querido falar da vida espiritual, se houvera pretendido
dizer que aqueles que tinham sido executados não estavam
mortos em Espírito, teria dito: ainda vivem, e não:
viverão de novo. No sentido espiritual, essas palavras
seriam um contra-senso, pois que implicariam uma interrupção
na vida da alma. No sentido de regeneração moral,
seriam a negação das penas eternas, pois que
estabelecem, em princípio, que todos os que estão
mortos reviverão”. (Allan Kardec, O Evangelho
Segundo o Espiritismo, capítulo IV)
14. Mas, quando o homem há morrido uma vez, quando
seu corpo, separado de seu espírito, foi consumido,
que é feito dele? -Tendo morrido uma vez, poderia o
homem reviver de novo? Nesta guerra em que me acho todos os
dias da minha vida, espero que chegue a minha transformação.
(João, cap. XIV, versículos 10 a 14. Tradução
de Le Maistre de Sacy.)
Quando o homem está morto, vive sempre; acabando os
dias da minha existência terrestre, esperarei, porquanto
a ela voltarei de novo. (ID. Versão da Igreja grega.)
15. Nessas três versões, o princípio da
pluralidade das existências se acha claramente expresso.
Ninguém poderá supor que João haja querido
falar da regeneração pela água do batismo,
que ele de certo não conhecia. "Tendo o homem
morrido uma vez, poderia reviver de novo?" A idéia
de morrer uma vez, e de reviver implica a de morrer e reviver
muitas vezes. A versão da Igreja grega ainda é
mais explícita, se é que isso é possível:
"Acabando os dias da minha existência terrena,
esperarei, porquanto a ela voltarei", ou, voltarei à
existência terrestre. Isso é tão claro,
como se alguém dissesse: "Saio de minha casa,
mas a ela tornarei”.
"Nesta guerra em que me encontro todos os dias de minha
vida, espero que chegue a minha transformação".
João, evidentemente, pretendeu referir-se à
luta que sustentava contra as misérias da vida. Espera
a sua mutação, isto é, resigna-se. Na
versão grega, esperarei parece aplicar-se, preferentemente,
a uma nova existência: "Quando a minha existência
estiver acabada, esperarei, porquanto a ela voltarei".
João como que se coloca, após a morte, no intervalo
que separa uma existência de outra e diz que lá
aguardará o momento de voltar.
Nestas passagens, assim como em outras, fica muito clara a
existência das reencarnações. Como diria
o Mestre, “Ouça aquele que tem ouvidos para ouvir”.
Finalizando, em O Livro dos Espíritos, Kardec
indaga na questão 132:
Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?
Resposta dos Espíritos Superiores:
"Deus lhes impõe a encarnação com
o fim de fazê-los chegar à perfeição.
Para uns, é expiação; para outros, missão.
Mas, para alcançarem essa perfeição,
têm que sofrer todas as vicissitudes da existência
corporal: nisso é que está a expiação.
Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr
o Espírito em condições de suportar a
parte que lhe toca na obra da criação. Para
executá-la é que, em cada minuto, toma o Espírito
um instrumento, de harmonia com a matéria essencial
desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de
vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo
para a obra geral, ele próprio se adianta". |