Adolfo
Bezerra de Menezes nasceu no Estado do Ceará,
na então Freguesia do Riacho do Sangue (atual cidade
de Jaguaretama) em 29 de agosto de 1831 , e se configurou
como um missionário cuja tarefa seria a de preparar
a sociedade brasileira para acolher a semente do Espiritismo.
No ano de 1851, impelido pelo secreto impulso de uma vocação
que já lhe caracterizava a reta trajetória de
múltiplas reencarnações dedicadas a serviço
da caridade, embarcou para o Rio de Janeiro com a nobre inspiração
de seguir a carreira médica.
Ingressou, em 1852, como praticante e interno no Hospital
da Misericórdia, sendo que passou por diversas privações
materiais, buscando recursos para viver e custear seus estudos
ministrando aulas de Matemática e Filosofia.
Já em 1856, com a defesa da tese "Diagnóstico
do Cancro", conquistou o grau de Doutor em Medicina de
modo que, no ano seguinte, passou a ser membro titular na
Academia Imperial de Medicina. Em 1858 foi nomeado cirurgião-tenente
do Corpo de Saúde do Exército e, passado algum
tempo – embora no mesmo ano - casou-se com Maria Cândida
de Lacerda.
Em 1861 candidatou-se a vereador e foi eleito para a Câmara
Municipal do Rio de Janeiro; porém, sua eleição
foi impugnada pelo Dr. Roberto Jorge Hadock Lobo, por ser
médico militar. Bezerra renunciou, então, às
funções no Corpo de Saúde do Exército
e foi empossado como vereador, sendo reeleito em 1864.
Ainda no exercício do primeiro mandato, desencarna
sua esposa que o deixa com dois filhos pequenos. O fato o
abala física e moralmente, levando-o a um período
de prostração. Todavia, como tudo tem uma razão
de ser - e Bezerra de Menezes era um enviado do Senhor para
semear a luz na escuridão moral do nosso País
-, a viuvez o atrai mais fortemente para as reflexões
de ordem espiritual.
Casou-se, em segundas núpcias, com Cândida Augusta
de Lacerda Machado, irmã de sua primeira esposa, que
lhe daria cinco filhos.
Assim foi eleito deputado geral em 1867.
Por volta de 1875, o Dr. Carlos Travassos havia empreendido
a primeira tradução das obras de Allan Kardec
e levara a bom termo a versão portuguesa de "O
Livro dos Espíritos". Logo que esse livro saiu
do prelo levou um exemplar ao deputado Bezerra de Menezes,
entregando-o com dedicatória. O episódio foi
descrito do seguinte modo pelo futuro Médico dos Pobres:
"Deu-mo na cidade e eu morava na Tijuca, a uma hora de
viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não
tinha distração para a longa viagem, disse comigo:
ora, adeus! Não hei de ir para o inferno por ler isto...
Depois, é ridículo confessar-me ignorante desta
filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas.
Pensando assim, abri o livro e prendi-me a ele, como acontecera
com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que
fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo
era novo para mim!... Eu já tinha lido ou ouvido tudo
o que se achava no O Livro dos Espíritos. Preocupei-me
seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia:
parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo
como se diz vulgarmente, de nascença".
Por ser um político honesto, levantaram-se contra ele
campanhas difamatórias, quando, então, refletiu
suficientemente e decidiu abandonar a vida pública
e dedicar-se aos pobres, repartindo com os necessitados o
pouco que possuía materialmente; porém, o muito
que possuía – e possui – espiritualmente.
Corria sempre ao casebre do pobre onde houvesse um mal a combater,
levando ao aflito o conforto de sua palavra de bondade, o
recurso da sua profissão de médico e o auxílio
da sua bolsa minguada e generosa. Bezerra de Menezes tinha
a função de médico no mais elevado conceito,
por isso, dizia ele: "Um médico não tem
o direito de terminar uma refeição, nem de perguntar
se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe
bate à porta. O que não acode por estar com
visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou
por ser alta hora da noite, mau o caminho ou o tempo, ficar
longe ou no morro, o que sobretudo pede um carro a quem não
tem com que pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à
porta que procure outro -- esse não é médico,
é negociante de medicina, que trabalha para recolher
capital e juros dos gastos de formatura. Esse é um
desgraçado, que manda para outro o anjo da caridade
que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única
espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu
Espírito, a única que jamais se perderá
nos vaivéns da vida". Posteriormente seria carinhosamente
conhecido como "médico dos pobres".
Dedicou-se a empreendimentos empresariais, criando a Companhia
Estrada de Ferro Macaé-Campos. Foi um dos diretores
da Companhia Arquitetônica que, em 1872, abriu o Boulevard
28 de Setembro, no bairro de Vila Isabel. Retornou à
vida política sendo eleito vereador de 1876 a 1880
e, neste mesmo ano, presidente da Câmara e Deputado
Geral .
|