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>> TEXTOS ESPÍRITAS >> ALLAN KARDEC. REVISTA ESPíRITA, OUTUBRO DE 1866
 

Os Tempos são Chegados

Autor: Allan Kardec. Revista Espírita, outubro de 1866

A Humanidade realizou, até este dia.
incontestáveis progressos; os homens,
por sua inteligência, chegaram a
resultados que jamais tinham atingido
com relação às ciências, às artes e ao
bem-estar material; resta-lhes, ainda,
um imenso progresso a realizar: é o de
fazer reinar entre eles a caridade, a
fraternidade e a solidariedade, para
assegurar o seu bem-estar moral. Não o
podiam nem com suas crenças, nem com
suas instituições antiquadas, restos
de uma outra época, boas em uma certa
época, suficientes para um estado
transitório, mas que, tendo dado o que
elas comportam, seriam um atraso hoje.
Tal uma criança é estimulada por
móveis, impotentes quando vem a idade
madura. Não é mais somente o
desenvolvimento da inteligência que é
necessário aos homens, é a elevação do
sentimento, e para isto é preciso
destruir tudo o que poderia
superexcitar neles o egoísmo e o
orgulho.
Tal é o período onde vão entrar
doravante, e que marcará as fases
principais da Humanidade. Esta fase
que se elabora neste momento, é o
complemento necessário do estado
precedente, como a idade viril é o
complemento da juventude; ela podia,
pois, ser prevista e predita
antecipadamente, e é por isto que se
diz que os tempos marcados por Deus
são chegados.
Neste tempo, não se trata de uma
mudança parcial, de uma renovação
limitada a uma região, a um povo, a
uma raça; é um movimento universal que
se opera no sentido do progresso
moral. Uma nova ordem de coisas tende
a se estabelecer, e os homens que lhe
são os mais opostos nela trabalham com
o seu desconhecimento; a geração
futura, desembaraçada das escórias do
velho mundo e formada de elementos
mais depurados, achar-se-á animada de
idéias e de sentimentos diferentes da
geração presente que se vai a passos
de gigante. O velho mundo estará
morto, e viverá na história, como hoje
os tempos da Idade Média, com seus
costumes bárbaros e suas crenças
supersticiosas.
De resto, cada um sabe que a ordem das
coisas atuais deixa a desejar; depois
de ver, de alguma sorte, esgotar o
bem-estar material, que é o produto da
inteligência, chega-se a compreender
que o complemento desse bem-estar não
pode estar senão no desenvolvimento
moral. Quanto mais se avança, mais se
sente o que falta, sem, no entanto,
poder ainda defini-lo claramente: é o
efeito do trabalho intimo que se opera
para a regeneração; têm-se desejos,
aspirações que são como o
pressentimento de um estado melhor.
Mas uma mudança tão radical, quanto a
que se elabora, não pode se realizar
sem comoção; a luta inevitável entre
as idéias, e quem diz luta, diz
alternativa de sucesso e de revés; no
entanto, como as idéias novas são as
do progresso, e que o progresso está
nas leis da Natureza, elas não podem
deixar de se impor sobre as idéias
retrógradas. Forçosamente, desse
conflito, surgirão as perturbações
temporárias, até que o terreno seja
desobstruído dos obstáculos que se
opõem ao estabelecimento de um novo
edifício social. Da luta das idéias é
que surgirão os graves acontecimentos
anunciados, e não cataclismos, ou
catástrofes puramente materiais. Os
cataclismos gerais eram a conseqüência
do estado de formação da Terra; hoje,
não são mais as entranhas do globo que
se agitam, são as da Humanidade.
A Humanidade é um ser coletivo em que
se operam as mesmas revoluções morais
que em cada ser individual, com esta
diferença de que umas se cumprem de
ano em ano, e as outras de século em
século. Que sejam acompanhadas, em
suas evoluções através do tempo, e
ver-se-á a vida das diversas raças
marcadas por períodos que dão a cada
época uma fisionomia particular.
Ao lado dos movimentos parciais, há um
movimento geral que dá o impulso à
Humanidade inteira; mas o progresso de
cada parte do conjunto é relativo ao
seu grau de adiantamento. Tal será uma
família composta de vários filhos dos
quais o mais jovem está no berço e o
primogênito com a idade de dez anos,
por exemplo. Em dez anos, o
primogênito terá vinte anos e será um
homem; o mais jovem terá dez anos e,
embora mais avançado, será ainda uma
criança; mas, a seu turno, tornar-se-á
um homem. Assim é com as diferentes
frações da Humanidade; os mais
atrasados avançam, mas não saberão, de
um pulo, alcançar o nível dos mais
avançados.
A Humanidade, tornada adulta, tem
novas necessidades, aspirações mais
largas, mais elevadas; compreende o
vazio das idéias das quais foi
embalada, a insuficiência de suas
instituições para a sua felicidade;
ela não encontra mais, no estado das
coisas, as satisfações legitimas para
as quais se sente chamada; por isso
ela sacode coeiros, e se lança
impelida por uma força irresistível,
para as margens desconhecidas, para
descoberta de novos horizontes menos
limitados. E é no momento em que ela
se encontra muito pobremente em sua
esfera material, onde a vida
intelectual transborda, onde o
sentimento da espiritualidade
desabrocha, quantos homens, pretensos
filósofos, esperam encher o vazio por
doutrinas do niilismo e do
materialismo! Estranha aberração!
Esses mesmos homens que pretendem
impeli-la para a frente, se esforçam
por circunscrevê-la no circulo
estreito da matéria; de onde ela
aspira sair; e lhe fecham o aspecto da
vida infinita, e lhe dizem, em lhe
mostrando o túmulo: Nec plus ultra!

A fraternidade deve ser a pedra
angular da nova ordem social; mas não
há fraternidade real, sólida e efetiva
se não estiver apoiada sobre uma base
inabalável; essa base é a fé; não a fé
de tais ou tais dogmas particulares
que mudam com o tempo e os povos e se
lançam pedras, porque, anatematizando-
se, entretêm o antagonismo; mas a fé
nos princípios fundamentais que todo o
mundo pode aceitar Deus, a a/ma, o
futuro, O PROGRESSO INDIVIDUAL,
INDEFINIDO, A PERPETUIDADE DAS
RELAÇÕES ENTRE OS SERES. Quando todos
os homens estiverem convencidos de que
Deus é o mesmo para todos, que esse
Deus, soberanamente justo e bom, nada
pode querer de injusto, que o mal vem
dos homens e não dele, se olharão como
filhos de um mesmo pai e se estenderão
a mão. É esta fé que o Espiritismo dá,
e que será doravante o pivô sobre o
qual se moverá o gênero humano,
quaisquer que sejam suas maneiras de
adorá-lo e suas crenças particulares,
que o Espiritismo respeita, mas da
qual não tem que se ocupar. Só dessa
fé pode sair o verdadeiro progresso
moral, porque só ela dá uma sanção
lógica aos direitos legítimos e aos
deveres; sem ela, o direito é aquele
que dá a força; o dever, um código
humano imposto pelo constrangimento.
Sem ela, o que é o homem? um pouco de
matéria que se desfaz, um ser efêmero
que não faz senso passar; o próprio
gênio o uma centelha que brilha um
instante para se apagar para sempre;
certamente, não há ali de que se
isentar muito aos seus próprios olhos.
Com um tal pensamento, onde estão
realmente os direitos e os deveres?
qual é o objetivo do progresso?
Sozinha, esta fé faz sentir ao homem
sua dignidade pela perpetuidade e o
progresso do seu ser. Não num futuro
mesquinho e circunscrito à
personalidade, mas grandioso e
esplêndido; seu pensamento se eleva
acima da Terra; sente-se crescer
pensando que tem seu papel no Universo
e que esse Universo é seu domínio que
poderá um dia percorrer, e que a morte
dele não fará uma nulidade, ou um ser
inútil a si mesmo e aos outros.
O progresso intelectual realizado até
este dia. nas mas vastas proporções, é
um grande passo, e marca a primeira
fase da Humanidade, mas sozinho é
impotente para regenerá-la; enquanto o
homem for dominado pelo orgulho e pelo
egoísmo, utilizará sua inteligência e
seus conhecimentos em proveito de suas
paixões e de seus interesses pessoais;
é por isso que os aplica ao
aperfeiçoamento dos meios de
prejudicar aos outros e de se
entredestruirem. Só o progresso moral
pode assegurar a felicidade dos homens
sobre a Terra, colocando um freio às
más paixões; só ele pode fazer reinar
entre eles a concórdia, a paz, a
fraternidade. Será ele que abaixará as
barreiras dos povos, que fará tombar
os preconceitos de casta, e calar os
antagonismos de seitas, ensinando aos
homens a se olharem como irmãos,
chamados para se entre ajudarem e não
viverem às expensas uns dos outros.
Será ainda o progresso moral,
secundado aqui pelo progresso da
inteligência, que confundirá os homens
numa mesma crença, estabelecida sobre
as verdades eternas, não sujeitas à
discussão e, por isto mesmo, aceitas
por todos. A unidade de crença será o
laço mais poderoso, o mais sólido
fundamento da fraternidade universal,
quebrado em todos os tempos pelos
antagonismos religiosos que dividem os
povos e as famílias, que fazem ver no
próximo inimigos que é preciso fugir,
combater, exterminar, em lugar de
irmãos que é preciso amar.
Um sinal não menos característico do
período em que entramos, é a reação
evidente que se opera no sentido das
idéias espiritualistas, uma repulsa
instintiva se manifesta contra as
idéias materialistas, cujos
representantes se tornam menos
numerosos ou menos absolutos. O
espirito de incredulidade que tinha se
apoderado das massas, ignorantes ou
esclarecidas, e lhe tinha feito
rejeitar, com a forma, o próprio fundo
de toda crença, parece Ter tido um
sono ao sair do qual experimenta a
necessidade de respirar um ar mais
vivificante. Involuntariamente, onde o
vazio se fez, procura-se alguma coisa,
um ponto de apoio, uma esperança.
Neste grande movimento regenerador, o
Espiritismo tem um papel considerável,
não o Espiritismo ridículo inventado
por uma critica zombeteira, mas o
Espiritismo filosófico, tal como o
compreende quem se dá ao trabalho de
procurar a amêndoa sob a casca.
Já dissemos em outro lugar: "Quanto
mais uma idéia é grande, mais encontra
ela adversários, e pode se medir sua
importância pela violência dos ataques
dos quais é objeto."
O número dos retardatários é ainda
grande, sem dúvida, mas o que podem
contra a onda que cresce, senão nela
lançar algumas pedras? Esta onda é a
regeneração que se ergue, ao passo que
eles desaparecem com a geração que se
vai cada dia a grandes passos. Até lá
defenderão o terreno palmo a palmo;
há, pois, uma luta inevitável, mas uma
luta desigual, porque é a do passado
decrépito que cai em farrapos, contra
o futuro juvenil; da estagnação contra
o progresso; da criatura contra a
vontade de Deus, porque os tempos
marcados para ele estão chegados.



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